Maçonaria presta homenagem póstuma ao Irmão Sidney Pinto

O saudoso Irmão Sidney Pinto, Past Grão-Mestre da Grande Loja do Paraná (GLP), recebeu homenagem póstuma por parte da ARLS Grão-Mestre Sidney Pinto nº 184 e da GLP, no Oriente de Cascavel, em meados de novembro.

Durante a Sessão de Honras Fúnebres, a guarda das cinzas do Past Grão-Mestre foi entregue à Loja, e passaram a integrar o Memorial Sidney Pinto, que além do cinerário é composto por busto, fotos, documentos e outras peças que registram sua vida maçônica, espaço que será transformado em museu para pesquisa e visitação.

O Irmão Sergio Brum, obreiro ativo do quadro da ARLS Grão-Mestre Sidney Pinto, e afilhado do patrono homenageado, demonstrou satisfação em conseguir realizar este projeto em prol da preservação da história da Maçonaria no Paraná, da GLP e, em especial, ao amigo e Irmão Sidney.

Brum contou que a ideia e forma da homenagem surgiu após uma visita na Catedral de Buenos Aires, onde se deparou com os restos mortais de heróis daquele país. “Era algo que eu esperava realizar, idealizei por mais de ano e meio, e já está consagrado”, disse. Ele contou que, assim que ficou sabendo que as cinzas do padrinho estavam de posse da GLP iniciou as tratativas para que pudesse colocá-las no Tempo.

“Tivemos apoio do Grão-Mestre, que foi extremamente zeloso na forma de fazê-lo e assim, foram consultadas as demais Lojas que fizeram parte da vida maçônica do Irmão Sidney, o tema foi levado à Assembleia Legislativa, aos Past Grão-Mestres e hoje, para nós, é uma conquista histórica, pois conseguimos um fato especial e singular, trata-se do primeiro Templo Maçônico que tem em seu interior as cinzas do Patrono da Loja e as cinzas de um Grão-Mestre”, explicou Brum.

“O Irmão Sidney era um visionário e um humanista nato. Um bom homem, que amava sua família e seus Irmãos, por isso doou sua vida a eles e à GLP”, explicou o Sereníssimo Grão-Mestre da GLP, Irmão Marco Antônio Corrêa de Sá.

“Para além de ter sido um grande Grão-Mestre, ele foi um grande Irmão e um grande amigo. Me sinto privilegiado por ter convivido com ele antes, durante e depois de sua gestão como Grão-Mestre. Para sempre ficará na minha memória como um homem simples, bom, sábio e atencioso para com os Irmãos”, enalteceu o Irmão José de Faria, Eminente Deputado do Grão-Mestre.

O Past Grão-Mestre João Carlos Silveira, que atuou como Deputado na administração do Irmão Sidney Pinto, classificou a homenagem como merecidíssima e extremamente tocante. Para ele a ARLS Grão-Mestre Sidney Pinto inspirou a todos na forma de como se preservar a história. “Pessoalmente, revivi décadas de convivência com o Irmão Sidney durante a solenidade, com os pronunciamentos dos irmãos e, principalmente, com o relato da cunhada Irene e da sobrinha Silvia. Foi uma retrospectiva de um modo de vida e momento histórico muito significativo da nossa GLP.”

Na ocasião o Irmão Roberto Piekarczyk, representando o Soberano Grande Inspetor Litúrgico da 1 Região Litúrgica do Paraná e Membro Efetivo do Supremo Conselho do REAA, Irmão Manif Antonio Torres Julio, presenteou à Loja na pessoa do seu Venerável Mestre, Irmão Dilair Dalla Gonçalves, com a Comenda “Sidney Pinto”, instituída no âmbito daquela Região Litúrgica em homenagem ao saudoso Irmão.

A sessão contou com a presença da cunhada Irene Pinto, filhas e netas do Past Grão-Mestre homenageado, e demais autoridades maçônicas integrantes da Comitiva da GLP, entre o Grande Orador, Irmão Glaucio Antônio Pereira; o Grande Secretário de Relações Interiores, Irmão Roberto Aparecido Piekarczyk; o Grande Tesoureiros Adjunto, Irmão José Aderlei de Souza; o Grande Tesoureiros Adjunto, Irmão Rubens Vieira, o membro do Superior Tribunal Maçônico, Irmão Celso José Mello. Além da comitiva da ARLS Major Cícero Marques nº 64, liderada pelo seu Venerável Mestre, Irmão Perci Rodmann; e dos Delegados Irati Luis Michelon Pirolla, do 18º Distrito Maçônico; Eder Waine Quareli, do 19º Distrito Maçônico; Paulo Fernando Santana, do 14º Distrito Maçônico, José Maria Vieira do 13º Distrito Maçônico.

Rememorando a história

Aproveitamos da homenagem realizada ao saudoso Irmão Sidney Pinto, para fazer um breve resgate histórico de sua dedicação à Grande Loja do Paraná, por meio do testemunho de alguém muito especial, a primeira mão que o acolheu na Ordem, seu padrinho: o Irmão Makhoul Touma Rizk, membro ativo da ARLS Paz e Amor nº 36, do Oriente de Maringá, que foi iniciado em dezembro de 1972 e que preserva uma memória fantástica, até mesmo para relatar as dificuldades que enfrentaram na época.

Makhoul relatou que, o processo para iniciação de um profano praticado pela Loja à época era um pouco diferente da forma como é realizada hoje. A questão documental era um pouco mais complexa e, por isso, aparentemente o processo acabava sendo um pouco mais moroso.

Segundo ele, depois de indicado e passado todo o trâmite, acabou vindo a notícia, não esperada, de que o então candidato Sidney Pinto acabava de ser transferido profissionalmente do Oriente de Maringá para Cascavel. Então, esbarrou-se numa questão polêmica na Loja, iniciar ou não um Irmão que certamente não poderia participar das sessões? Makhoul contou que depois de debater o assunto, conseguiu demover os Irmãos com o argumento de que não estariam iniciando um Irmão para a Loja de Maringá ou uma futura Loja em Cascavel, mas sim para a Ordem Universal.

Ele contou que o argumento foi aceito pelos Irmãos e, sendo assim, a iniciação foi marcada para o dia 20 de agosto, coincidentemente Dia do Maçom, para ser realizada no Oriente de Apucarana, no templo da ARLS Moreira Sampaio nº 8. Segundo ele, a Loja Paz e Amor ainda funcionava no quarto andar de um edifício e não tinha as condições necessárias para a realização de iniciações.

Chegado o dia, Makhoul conta que aguardou a chegada de Sidney no horário marcado em sua residência, como este não chegou, Makhoul seguiu o plano original e partiu em destino a Apucarana para a sessão. Chegando lá encontrou os demais Irmãos e estes iniciaram os preparativos para fazer a iniciação daquele candidato único, que ainda não tinha chego. O tempo foi passando, e pelo fato de não existir forma de confirmar se o neófito chegaria, a sessão foi iniciada, uma vez que todos já estavam lá. Até que em determinado horário vieram avisar que o candidato a iniciação havia chego.

Makhoul, lembra ainda que precisou pedir licença ao Venerável, solicitando que fizessem a troca, pois ele ocupava o cargo de Orador e que gostaria de conversar com seu afilhado e finalizar os preparativos para a iniciação.

Passada a iniciação, Makhoul relata que Sidney ainda veio umas duas vezes participar de sessão em Maringá, mas conta que a distância de 300 quilômetros em uma estrada difícil, ainda mais precarizada pelo transporte de peças para a construção da Usina de Itaipú que se fazia à época, por vezes deixava ainda mais complexa a viagem. Ele conta que então indicou que Sidney buscasse contato com o Irmão Luiz Carlos Belli, no Oriente de Cascavel e que este poderia ajudar o afilhado na continuidade dos estudos.

“Temos depois, Sidney me contou que ao encontrar com o Irmão Belli, este de pronto o acolheu e fez a seguinte pergunta: Sabe ler e escrever? Com a evidente resposta positiva, ele passou os livros da Loja para Sidney e este foi transformado em Secretário. Sidney apenas respondeu que não sabia o que fazer, pois só tinha participado de duas sessões até então, mas teve a resposta de que seria instruído em como proceder”, relembra a conversa.

Foi então iniciada a passagem do Irmão Sidney pela ARLS Acácia do Oeste I nº44, Loja na qual chegou a ser Venerável Mestre, mas onde não pode terminar seu mandato, pois mais uma vez fora transferido, desta vez para o Oriente de Goiânia.

O padrinho lembra que passado algum tempo, recebeu do afilhado o pedido de indicação de Irmãos da região de Maringá e que residiam em Curitiba, pois ele havia regressado ao Paraná e agora em a Curitiba queria fundar uma Loja “Pé Vermelho”. A indicação dada a Sidney foi que procurasse os Irmãos José Antônio Fernandes Neto e Clayton Ribeiro da Silva, e então foi fundada a ARLS Major Cícero Marques nº 64.

Makhoul relata ainda que, em uma das visitas constantes do então Eminente Deputado do Grão-Mestre, Irmão Adolfo Bley, que era médico da Rede Ferroviária Federal, o qual era muito amigo e que fazia questão de o visitar, quando estava na região de Maringá. Ele conta que o Irmão Bley veio desta vez lhe contar que seria candidato a Grão-Mestre e este lhe consultou, perguntando quem seria um bom Deputado para seu mandato e de pronto Makhuol respondeu que tinha uma indicação, um Irmão que era um pé de boi para trabalhar e se chamava Sidney Pinto.

O restante da história é sabido, mas relembrada vividamente por Makhoul. Sidney exerceu o cargo de Deputado por dois mandatos e seu nome foi então a sucessão natural para a próxima candidatura. Makhoul relata que o lançamento da candidatura do Irmão Sidney ao Grão-Mestrado ocorreu na sala de sua casa, bem como a indicação de outro maringaense, o Irmão João Carlos  Silveira, para compor a chapa como seu Deputado do Grão-Mestre.

Makhoul, que também esteve presente na Sessão de Honras Fúnebres, finaliza o testemunho reforçando o bom e duradouro convívio que teve com o Irmão Sidney. “Ele foi realmente um baluarte da Maçonaria, um homem que lutou muito e engrandeceu a nossa GLP. Fiquei muito emocionado durante a solenidade e rogo ao Grande Arquiteto do Universo que sempre cubra nosso Irmão Sidney com seu manto divino”.